Hoje acordei com o sol batendo no rosto, um sol fraquinho de outono, mas, ainda assim, O Sol, batendo no rosto. Em cima do peito os 03 ou 04 quilos do meu eterno bebê, da minha personagem de Greta Garbo. Enterrei de leve os dedos na cabeça macia, afagando-a, sentindo uma vontade doida de apertar sua pelúcia rajada.
Que bom seria poder acordar todos os dias assim, com algo que você ama e que te ama sem licenças ao lado, sentindo um coraçãozinho bater junto ao seu.
Trouxe-a para casa minúscula, a mais feinha, mais arrepiadinha, ninguém ia querer.Cresceu dormindo junto a meu corpo, na dobra do cotovelo, meu despertador de lambidas ásperas nas mãos. Nunca me arranhou, nunca precisou disputar lugar com ninguém, seja gente ou bicho. Acostumou-se a tomar água na torneira, quase alagou um apartamento, é arredia e rabugenta com estranhos, é possessiva.
Passei duas noites de insônia culpada quando foi castrada, deitada em concha ao redor do corpinho mole, ministrando água com açúcar através de seringa, refazendo curativo, desculpando-me.
É um ser que não preciso agradar, entende com perfeição meus silêncios... Mesmo quando a abandono, não uma, mas duas, três, várias vezes, encontro novamente seus olhos de mel, sua face de gato-bebê me recepcionando.
Quero levá-la para a nova casa, mesmo temporária, mesmo menor, mesmo mais fria, mesmo mais solitária. Preciso como nunca recuperar esse bem estar.
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